Projecto Artístico e Plano de Actividades 2018-21

Alicerçado nas práticas performativas artísticas contemporâneas, o presente projecto artístico procura criar espaços privilegiados de trabalho interdisciplinar inovador para a partilha, reflexão e diálogo, bem como de contestação e tensão, que permitam desconstruir as fronteiras das performances tradicionais e criar novos paradigmas compreensivos das práticas e discursos emergentes no mundo actual. Por conseguinte, a Arte Total propõe-se promover e dinamizar a oferta cultural da cidade de Braga, através da articulação das três linhas estratégicas de acção que tem vindo a desenvolver - relativas à criação, formação e investigação artísticas -, conjugando-as com um enfoque mais intencional no diálogo entre arte, ciência e tecnologia. Assim, este plano de actividades pretende, simultaneamente, ser consonante com os interesses explorados e consolidados nos últimos anos, dando-lhes continuidade, e convergir com o forte compromisso do movimento cívico emergente na cidade no sentido de obter e potencializar o título de Cidade Criativa da UNESCO, na área das Media Arts, recentemente alcançado. Associando as actividades programadas a esta cumplicidade local, procura-se confluir esforços e garantir sucessos mútuos na estimulação cultural, porque não obstante a potencialidade da cidade no domínio das tecnologias digitais - fomentada pelas entidades cientificas aí instaladas e a proliferação de empresas que aplicam estas tecnologias às artes do entretenimento, no âmbito das indústrias criativas -, há evidentes lacunas na região ao nível da educação artística e estética neste domínio e ao nível das articulações entre criadores, investigadores, criações artísticas e público, que a Arte Total pretende colmatar e consolidar. Dois dos programas centrais do projecto – Salvo Conduto (SC) e Guelra (G) – dão continuidade e aprofundamento aos objectivos de formação, criação e produção artística, mantendo o foco na experimentação e divulgação das linhas estético-artísticas contemporâneas. Para além dos artistas de mérito reconhecido habitualmente envolvidos nestas actividades, o projecto inova na convocação de artistas emergentes, promovendo o diálogo geracional na divulgação da dança contemporânea portuguesa e na oferta de formação aos intérpretes que participem destes processos de criação e formação. O programa CALL (C), mais especificamente orientado para a pesquisa performativa, vem alargar o âmbito de interesses, , integrando novos produtos artísticos, com conteúdos inusitados, resultantes dos encontros originais entre criadores artísticos e tecnológicos, novas metodologias de criação e educação artística e novas formas de intervenção artística participativa nas comunidades e na cidade. Paralelamente, procura ainda sintonizar o nosso processo de criação artística com a intensificação actual de trocas interdisciplinares e interculturais, constituídas por intercâmbios visíveis e “invisíveis”, que contribuem para a emergência de novas realidades sociais, transculturais, imersas em linguagens e práticas artísticas tecnologicamente mediadas. E, neste âmbito, permite-nos defender e negociar com os nossos interlocutores o potencial único da dança de ampliar possibilidades de tradução e negociação, já que quem dança, tendencialmente, percebe informações diferenciadas da cultura, por via do corpo. Em termos de calendarização, as actividades são programadas em resultado de uma negociação e compromisso entre interesses e disponibilidades das entidades parceiras, dos artistas convidados, os eventos culturais da cidade e os momentos considerados potencialmente mais favoráveis à adesão dos públicos-alvo (e.g., paragens lectivas; fins-de-semana e períodos de lazer). Deste modo, o SC tem lugar no início de Setembro, recebendo os públicos após as paragens de verão e preparando-os para um novo ano de programação artística. As restantes actividades são distribuídas ao longo de um ano, de forma alternada e relativamente equidistantes no tempo, de forma a ser viável a sua preparação e manter o a regularidade das ofertas. Finalmente, destacamos que as actividades programadas interligam-se e complementam-se durante os quatro anos, nos seus objectivos, áreas de acção e alvos intervenção, e através da pela programação de artistas que se repetem e desdobram as suas propostas em mais do que uma actividade, dando-lhes maior possibilidades de desenvolverem e aprofundarem as obras. As actividades interligam-se também nas estratégias de aproximação à cidade e aos seus públicos: o público jovem, em idade escolar, percorrerá todas as actividades em programações complementares, que se ligarão pelo uso da tecnologia - G (visitas às residências), SC (visitas e ateliers), C (actividade anual escolas); e o público em geral, que se projecta activo, presente e participativo em todas as actividades - G (seminários/conversas de reflexão), SC (encontro com o processo criativo), C (trabalho com escolas, comunidades e cientistas).